segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Poema de sete ninfetas


Quando nasci, um anjo ninfomaníaco,
desses que precisam exageradamente de sexo
disse: Vai nojentinho! Desce e arrasa.

As casas traziam prostíbulos cheios de homens
que correm atrás de mulheres.
Nunca era tarde naquele local, a noite era longa
não se via há muito tempo tanto desejo.

O show começa no cabaré, as moças passam enfileiradas:
moças brancas amarelas azuis rosas cinzas vermelhas de bolinhas verdinhas cor de burro quando foge, sete exatamente.
Quantas mulheres meu Deus, quanto cheiro de cabelos longos, exclama meu coração.
Porém meu instrumento
não exclama nada, só se assanha.

O homem atrás do bigode
é gay e finge ter setecentos filhos espalhados pelo mundo.
Fala pelos cotovelos sobre o novo salão de beleza.
Tem muitas amigas, suas chacretes
o homem atrás da máscara e do bigode

Meu Deus, por que me soltaste aqui
se sabias que eu vim com pouco dinheiro para gastar aqui
se sabias que a carne é fraca.

Mundo mundo pornográfico mundo,
se eu me chamasse Raimundo
teria implorado a morte quando eu nasci, imagina, que nome feio.
Mundo mundo pornográfico mundo
mais pornográfica é minha cabeça.

Eu deveria te dizer
que adorei ter caído neste lugar, onde a lua pouco ilumina
mas esse vinho
me bota vesgo de erotismo que ele me traz, me comove como o diabo.


Inspirado no Poema de sete faces, de Carlos Drummond de Andrade