sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Amor


Até hoje eu me lembro. Olho para trás e ainda consigo ver aquela face angelical, embora pervertida. Aquele sorriso meigo que me imobilizou inúmeras vezes. Aquele olhar triste me pedindo para voltar, ou para ir junto, não sei ao certo, mas tirou todas as minhas forças. E com o meu coração partido e arrasado, eu volto para aquela cadeira que pelo menos confortava o meu corpo e me ponho a chorar. Um choro abafado, quase não percebido, um estado de choque. Eu estava destruído por dentro. Nada poderia me confortar naquele momento se não as lembranças, que não eram poucas. Aquele abraço apertado da chegada me consumia, o beijo saudoso, as mãos bem grudadas, a felicidade nos olhos, o calor do corpo, as risadas, as expressões engraçadas e o sotaque, a proteção ao assistir filme de terror, as noites de amor...
Fatos esses que só me comprovam a razão maior da concessão da vida. Embora seja um amor diferente, devasta o peito e cobre de orgulho o coração. Enche-se de esperança e prospera mais amor, companheirismo e bem mais amor. Hoje, minha visão está mais madura. Vejo os tempos de ‘solidão’ como a construção do meu futuro. Ah! Vai ser um futuro lindo! Vou fugir da monotonia, vou voar bem alto (mesmo sabendo que essa ave que sou não voa, ainda..) e cairei em fofas almofadas de neve, por que é lá que eu quero viver, onde qualquer vento deixa as coisas mais frias e eu quero estar lá para esquenta-las. Até mesmo por que, uma vez um amigo me disse que o tempo resolve a maioria dos problemas. Como o mar, assim como ele leva, sempre traz de volta o que levou, só é preciso tempo. E enquanto o mar não me traz de volta o que me foi levado, eu esperarei. Terei mais ansiedade que paciência. Mais amor do que tudo! E meu amor ficará inteiro, intacto, vermelho e cheio, cheio de carinho. E se eu pensar assim para sempre, haverá o momento em que o amor sufocará a saudade e de menor que ela, ele não tem absolutamente nada. Eu gostaria de ser onipresente, mas estou feliz por meu amor ser onipotente.