segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Incessantemente...


Somos suspeitos de um crime perfeito, mas crimes perfeitos não deixam suspeitos.
O garoto abriu o seu armário. Não tinha nada que ele precisasse ali. Iria sair comente com as roupas do corpo. Iria fugir para tentar recomeçar. Partiria do nada e dessa vez, tentaria se privar das coisas que mais o faziam mal e assim provaria que não dependeria delas. Resolveu pensar melhor. Abriu uma mala e pegou só o essencial. Com uma lágrima no rosto, lembrava do passado. Ele estava muito triste para poder se lembrar e cada vez mais perto de esquecer. Seus olhos vermelhos não escondiam tamanha tristeza, mas seu olhar também não omitia a vontade de mudar.
Tudo o que foi visto antes, desapareceu, tudo o que ele quis dizer um dia lhe atordoava a mente por não ter conseguido dizer. A sua vida era feito de momentos. Ele esperava algo mais para sua vida, sem ter que se lamentar do tempo perdido. Ele sabia conciliar a luz com as trevas, como o amor e a comodidade. Sabia exatamente o veneno certo para lhe dosar e para dosar quem quer que fosse. Mas ele sabia coisas que tinha aprendido consigo mesmo. Sabia que para chegar em algum lugar, devia limpar aquele rosto de lágrimas e devia seguir o seu coração. Na mala, ele colocava um quadro. No quadro, uma imagem não muito estranha do que já tinha visto, mas por um dia não ter ligado praquele quadro que significava tanta coisa em sua vida hoje, se arrepende. O coração estava confortado. Não como ele queria. Ele havia se apaixonado pela imagem do quadro. Imaginava uma vida dentro daquele quadro. Imaginava sua vida transformada num quadro. Insistiu na maneira correta de resolver as coisas. Não queria ser julgado. Queria ser ele mesmo e queria se apaixonar por quem quiser. Queria ser correspondido. Não existia mágica num mundo tão normal. Não existia coerência ou respeito. Em seu mundo, existia sonho. Ele deu uma última olhada no retrato e motivado, colocou-o em sua mala e saiu para correr o mundo. Ele só iria parar quando encontrasse a pessoa errada para se gostar, pois a partir daí, ele aprenderia muitas coisas para quando achasse a certa.

“Não espere pessoas perfeitas para então se apaixonar” (L)